quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Eis a questão

A cartunista Pryscila Vieira tem uma tirinha onde sua personagem “Amely, a mulher de verdade” conversa com o computador e diz: - É Twitter, Orkut, Facebook, blogs, MSN, sites mil... No meu epitáfio por favor escrevam: Enfim, offline.

E, claro, também tenho Orkut e Twitter e MSN e esse modesto blog. Ah, ainda navego por algumas dezenas de sites. Sem contar os e-mails. Quem abomina essa parafernália chamada computador e a perdição com o codinome de internet deve estar amarrando meu nome da boca do sapo.

Dou de ombros, pois sou fã da ferramenta que mudou por completo a vida da humanidade e lamentavelmente (ou não) deixou nosso contato menos caloroso.

Mas não sou uma admiradora histérica, que dá gritinhos quando recebe scraps automáticos, spams, correntes, contatos desconhecidos no MSN. Dou gritinhos sim, mas de possessa! Querendo voar no pescoço dos inescrupulosos que fazem mau uso da coisa ou expõem ali sua santa vida, como se tivessem acabado de chegar no paraíso sem nunca ter ouvido falar que em seguida uma serpente nervosa lhes ofereceria a maçã envenenada. Tentação!

No Orkut, entre a meia centena de comunidades as quais participo – e em algumas delas debato nos fóruns, há a “Livros”. De vez em sempre espio ali. Gosto de acompanhar as respostas às vezes nem tão bem relacionadas ou contextualizadas aos assuntos propostos. Um tópico me chamou a atenção, o “Livro de autoajuda. Ler ou não ler?”, onde a criadora diz que vem “observando que algumas pessoas desta comunidade tem certa resistência a esse tipo de leitura. E seria interessante discutir sobre esse tema. Livros de autoajuda. Ler ou não ler?”

Simbora discutir, já que me peguei lendo todas as noventa postagens que aceitam ao convite da moça por meio de respostas diversas divididas entre simpáticas, finitas, vagas, coerentes, estúpidas, contundentes ou desconexas. Também acabei acompanhando por constatar que na literatura esta categoria realmente parece ser pega pela ponta dos dedos.

Desconsiderando o time dos escritores espertalhões que dizem nada com coisa nenhuma, por vezes a imaculada da autoajuda é olhada de revesgueio e simplesmente pra puxar o fio da meada em roda de Maria vai com as outras.
- Viram que belo título? A maioria diz que sim e o desatinado concorda.
- Ah, fantástico!
O contrário não surpreende. – Odiei (e mulher odeia um zilhão de coisas. E ama outro tanto) o último livro de autoajuda de fulano. – Bate na madeira, louca! Eu ia abrir a boca pra falar isso agora! (regurgite, cretina! Você nem viu a obra).

Naturalmente eu gosto de livrarias. E não sou do time do cruzes-não-chego-nem-perto desta ou daquela prateleira. Bisbilhoto. Se gosto ou não, é relativo. Um amigo diz no Orkut que em se tratando de música ele gosta de tudo, mas não de todas. Me aproprio para transferir esse 'mas não de todas' às leituras de autoajuda. Visito a seção, leio sinopses, dou uma olhadela nas capas, corro os olhos nas orelhas (?).

... Sinceramente é um gênero que não está entre meus favoritos, embora eu tenha um livro do Augusto Cury, ‘O vendedor de sonhos’, que infelizmente não gostei. Talvez esse conceituado escritor tenha outros títulos bons, mas este não me agradou em nada. Mesmo assim li todo até mesmo para ter condições de gabaritar minha opinião, se for o caso... Se você já leu desejo saber qual a impressão. Se ainda não, leia. Gosto bastante de outras observações.

No entanto, jamais duvidarei de quem consegue ótimos resultados, inclusive outro dia falei aqui sobre uma prática da atualidade, a biblioterapia, isto é, leitura terapêutica recomendada pelos psicólogos. Não cabe fazer juízo de autores ou leitores. Contudo entendo que como literatura, como gênero é válido conhecer. De tanto a mídia explorar há pessoas que emitem opinião mas nem sabem direito do que trata a condenada da "autoajuda".

Há anos li ‘A revolução dos campeões’, de Roberto Shinyashiki. Também ‘Por que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor?’, de Allan Pease e Barbara Pease. Este bastante espirituoso. Li ambos sem compromisso de 'ser ajudada', mas equiparando qual a relação com a realidade.

O que não deixa de ser uma pesquisa, já que resulta em observações contraditórias ou não. Neste ponto vejo o X de todo o tipo de leitura: o que "sabemos" descartar e o que empreendemos? É o discernimento útil para toda a carga de comunicação de massa que temos ao nosso redor. Toda! É aí que está a diferença entre o detestar sem conhecer, sem ter noção e o saber do que se trata respondendo seguramente o porquê do sim ou não.

Isso me traz à memória algo que pessoalmente considero interessante: os filhos não reconhecem a importância da semiliberdade antes de se tornarem pais. Na época em que meu casal de filhos era bebê, além dos modelos de meus pais e da sociedade, eu consumia muita leitura sobre educação x limite x amor. Até que caiu em minha mão o ‘A mãe minuto’, de Spencer Johnson. Dentre todos, neste livro descobri segredos fundamentais e, que pena, esquecido por muitos pais e educadores que talvez, se conhecessem, usariam menos o jargão "Onde foi que eu errei?".

Pra ter opinião, leia. Sério. Pelo menos um! E se expresse com conhecimento, independente de a causa servir pra unir ou separar. Ouse.

=)

As tirinhas da Amely citadas láaa no início dissotudoaqui estão disponíveis em http://www.amely.com.br/. Vale acessar (também tem o blog da autora) para compreender as máximas com humor afinado sobre a mulher de verdade dos tempos modernos.

=)

Terminei ‘Doidas e Santas’ (Martha Medeiros) e o ‘Castelo de Vidro’ (Jeanette Walls). O primeiro, boas crônicas de uma cronista ímpar, autora de ‘Divã’ (livro gostoso) que virou filme, entre outras obras.
Esse outro, uma biografia impressionante e mais um exemplo do poder humano diante da prática do verbo “querer”. Ótimo!

Comecei ‘A cabeça de Steve Jobs’ (Leander Kahney) e Férias (Marian Keyes).

O que você tem lido?

=)

Falando nisso... Tenho pretensão de melhorar meu texto literário, transforma-lo em algo mais bem torneado em respeito a você e às minhas madrugadas de abstrações. Então me inscrevi no curso de Formação de Escritores, promovido pelo SESC de Tubarão. São três etapas que acontecem em três finais de semana, nas sextas à noite e sábados o dia todo. As inscrições estão abertas e são gratuitas. O contato é o telefone (48) 3626-0143.
Que tal?

6 comentários:

Unknown disse...

Mais um: "Heróis de Verdade"é um auto-ajuda rápido e muito bom.Mas confesso que não sou fã deste genero tb...Mas algun bem escolhidinhos vale a pena sim!

Beijos nega..queria fazer este curso..sniffff

Marcia Silva disse...

Exato, nega. É saber escolher. Estude alguma alternativa de cursar, são apenas três sextas-feiras à noite. Beijocas!

Corriqueirice disse...

Adoro charges e adoro você!
Estou lendo O Memorial do Convento.
beijão

Marcia Silva disse...

Ooow, querido, é recíproco! Também sou admiradora de charges e quadrinhos criativos. Obrigada pelo carinho!

Daniel Silva disse...

Adoro tirinhas. Estou lendo Lua Nova (dá pra acreditar)?

Marcia Silva disse...

Dizem que é um bom livro... Recebi este e outros baixados do www.4shared.com, ainda não me animei a ler, hehe.
Obrigada pela visita, Daniel. "Volte sempre". =)