domingo, 15 de fevereiro de 2009

Terapia da leitura

Desde criança sou fã dos livros. Não lembro de a preguiça ter ganho a batalha sobre alguma leitura. Havia a Coleção Vagalume, com mais de 25 livrinhos que na quarta série (hoje quinto ano) eu devorava cada um e depois fazia fichamentos. Como eu vivia ali com os personagens. Aventuras, romances, comédias... e eu ali aprendendo a viver entre eles. Depois passei a ler Jorge Amado, Machado de Assis e outros grandes nomes da literatura brasileira, quase obrigatórios no Ensino Médio. Eu me encantava e ia além. Quando prestei vestibular acabei não lendo o que foi recomendados por lembrar vagamente das histórias. Um deles era A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Brinquei com a sorte, dirão alguns, mas felizmente me saí bem.

Até que, na época da faculdade, passei a ler mais de um livro por vez, dava a impressão de ganhar tempo. Naquele período não tinha o hábito de comprá-los, usava os do rico acervo da universidade, já que procurava mais sobre a área da Comunicação. Depois de formada passei a comprar com mais frequencia, algo que continua me realizando duplamente.

Primeiro, porque não saio determinada a adquirir tal livro, mesmo já sabendo qual eu quero. Passo um bom tempo na livraria namorando-o, lendo sinopse e outras leituras do gênero ou mesmo autor.
Segundo, porque no http://www.submarino.com/ e no http://www.saraiva.com/ há ofertas tentadoras, melhores que nas livrarias da cidade. O frete grátis para compras superiores a R$ 49,90 "me fazem" adquirir bons livros (desde que não sejam lançamentos, of course) quase pela metade do preço da Nobel ou da Santa Fé, por exemplo. Ficção, técnico, religioso, literatura, brasileiro, estrangeiro... tá tudo ali.

O prazo da entrega também é razoável, em no máximo três dias os correios deixam aquela caixinha mágica que eu abro com água na boca, antecipando na memória o cheiro de livro novos que estou prestes a manusear. Amo! Papel, capa, projeto gráfico, imagens... Ai, de-lí-ciaaaaa!
E de tudo eu leio. Um psicólogo não teria não teria dificuldade em orientar-me por meio da leitura terapêutica. Alguns estão fazendo isso, utilizando a biblioterapia. Depois de ouvir e conversar com o paciente, o terapeuta 'prescreve' leituras que auxiliem na compreensão da fase passada pela pessoa.

Nesta época em que cada vez mais o ser humano necessita 'profissionalizar' sua vida e 'padronizar' suas atitudes, pode ser uma alternativa positiva sim. Com a força de publicações bem abordadas pode ser realmente interessante que o profissional que estamos compartilhando nossos problemas nos sugira autores que em tese podem somar ao tratamento. Independente de indicação especializada, há livros que parecem ter sido escritos por nós, de tanto que nos identificamos. Outros parecem perfeitos, de tanto que aprendemos, nos norteamos, dirigimos nossos comportamentos. O legal é que muitas leituras não trazem algo extraordinário, mas o novo olhar ao que direcionam situações comuns acaba envolvendo o leitor.

Particularmente procuro seguir a prática da professora Darlete. Alterno gêneros. Outro dia li ‘O guardião de memórias’, de Kim Edwards. Adorei! Fala de um médico cuja mulher teve um casal de filhos gêmeos e a menina nasceu excepcional. O homem fez o parto. Ao perceber e não aceitar a condição, antes mesmo que a mãe visse, pediu que a secretária levasse a bebê 'diferente' para uma espécie de orfanato que abrigava casos semelhantes. Ele disse à esposa que a filha não havia resistido e faleceu. A secretária, com compaixão, não deixou a criança como foi orientada. Sem saber disso, o médico passou boa parte da vida com o peso da mentira e a esposa, com a dor da perda da filha que nem chegou a ver. O enredo é fantástico e comovente. A riqueza de detalhes deixa a leitura envolvente do início ao fim, entretanto é intrigante.

Depois deste li um bem no estilo sessão da tarde, o ‘Antes mal-acompanhada que solteira’, de Wendy markham. Uma mulher desgostosa com a vida pessoal, profissional e com o excesso de peso, amava um namorado que não estava nem aí pra ela. Quando o cara precisa se afastar por motivos profissionais, Tracey, a protagonista, faz de tudo para entrar em forma na tentativa de resgatar o amor - que nunca existiu - entre eles . Até que descobre que fará bem a si própria. Leve e divertido. E não deve ter sido por acaso que a autora imprimiu na Tracey um muito da alma feminina.

O que vale é estar dispondo a recomendar e aceitar boas recomendações de leitura. Consideremos que antes de tentar ensinar algo, o autor conseguirá mais um discípulo se souber contar uma boa história. Dependendo, eu devoro! Os meus preferidos são crônicas e biografias. Mas leio romance também, lógico. Auto-ajuda fica lá atrás, mas têm autores muito bons. Gosto de Augusto Cury e do Roberto Shinyashiki.
Quanto aos empréstimos, uma amiga criou uma prática legal pra ter seus livros devolvidos (também-morro-de-ciúmes-dos-meus. Prontofalei!). Ela não empresta, mas troca. Menos risco de perder de vista suas caixinhas de surpresas, além de evitar que vá parar no antro de algum desalmado.

=)

Apesar de gostar muito de livros, há que se ter cuidado ao dar este tipo de presente. Já ganhei títulos ótimos, mas já fui presenteada com alguns (bem poucos, graças!) que quem me deu merecia cartão vermelho! Por que não sonda antes? Poderia perguntar a algum amigo qual o estilo preferido, não?!, como se faz em qualquer circunstância. Já disse Arnaldo César Coelho que 'a regra é clara': bom senso nunca é demais.

Quase presenteei com 'O Físico', de Noah Gordon. Ainda não li, mas sengundo as críticas é bom. Acabei não dando. Quem sabe numa próxima comemoração (nota mental: a ocasião a gente cria).



=)

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